Família na chegada, amigos para me puxar nos últimos km, outros me esperando no finalzinho da prova para filmar minha chegada.
Achei que ia chorar, mas não chorei. Era alegria demais e as lágrimas ficaram para outra hora.
Sorri. Muito! Olha só minha cara depois de mais de 42km:
Esse ano não foi de muitas provas.
Teve a Meia de SP que foi super sofrida. Quebrei perto do 14k e fui me arrastando até o final (21k), forçando um ritmo que não tinha. Mas cheguei.
Depois teve meu recorde nos 10k. Inimagináveis 57:12. Sei lá de onde tirei forças para terminar. Demorei uns 10 minutos só para recuperar o fôlego depois de passar o pórtico de chegada. Mas valeu demais todo o esforço.
Depois disso, vários outros 10k sub 1h em treino. Demorei 6 anos para conseguir esse feito e agora gostei tanto que faço sempre que me dá vontade. Não é natural ainda, forço um pouco para conseguir, mas faço!
Comecei a treinar na serra. Tive medo das subidas da segunda parte da maratona. Os tão temíveis túneis.
Subi e desci morro como se fosse uma reta plana. Fiz longo, fiz tiro. Corri. E muito!
Com isso meus tempos foram melhorando (vide meus resultados nos 10k), meu fôlego ganhando forças e eu passei a correr muito mais leve.
Chegou o grande dia. Fui tranquila, parecia que ia passear no parque.
Larguei com o Danilo e o Edmilson. O Danilo ficou para trás por volta do 5k, Edmilson por volta do 15k.
Eu me sentia leve, mas segurei o ritmo para poupar forças.
Segurei até o 20k, quando eu vi que dava para bater meu recorde na meia. Acelerei o que deu (já estava muito perto quando percebi que podia tentar) e passei com 2:16 (recorde era da minha 1ª meia, Buenos Aires, 2:17). Vibrei muito!
Cheguei no 25k onde encontrei a Debs, o Rodrigo e o David. Comemoramos meu recorde na meia e segui com o David para os últimos 17km. Debs e Rodrigo iam nos encontrar no 40k para filmar minha chegada, junto com a Guga, que também estaria por lá.
Quando eu vi a placa do 30k o corpo já estava bem cansado. Nada a ver com o muro dos 30, apenas mostrava um cansaço acima do que eu imaginava.
Lembro de no 36k dar um grito: "só faltam 6!!!!"
Seis. O que são 6km? Vamos! Não pensa.
Primeiro túnel, mantive o pace.
Saí do túnel cansada mas sem pensar muito nisso.
Segundo túnel foi dureza. Subida leve que não acabava nunca. Esperança da Yara e do Guto com a tão sonhada coca-cola na saída.
Nada.
Saímos na JK com o sol na cuca. Afffff. "Vamos! Não pára e não diminui!" Era tudo o que eu pensava.
Veio o terceiro e último túnel, mais curtinho que o segundo, mas mais íngreme.
David sugeriu diminuir o ritmo e ouviu de mim a resposta que ficou como a frase da maratona: "eu não treinei na serra para morrer na subida". Até acelerei um teco para não perder o ritmo.
Nessa altura eu nem olhava mais o relógio, não queria mais saber em que pace estava, não conseguia mais repor nada de carbo e mal queria beber água. Sabia da extrema necessidade de tudo isso, mas o corpo não conseguia mais absorver. Só queria chegar.
Pensava no pessoal (Guga, Debs e Rodrigo) que estariam no 40k e nos meus pais na chegada.
Confesso que sentia certa confusão nessa hora, pois não conseguia pensar muita coisa a não ser que tinha que continuar correndo e que faltava muito pouco.
Ainda na subida avistei a Guga que já se posicionou para nos acompanhar correndo.
E então ouço David e Guga me dizendo para pegar o guaraná e a bala de goma que o Joaquim, filho do Guto me entregava.
Não vi Yara, não vi Antônio, não vi o Guto. Só o Joaquim, duas balas de goma (deixei cair bem a vermelha que eu mais gosto, rs) e um guaraná caçulinha geladinho.
Não tive dúvida, comi a bala de goma e tomei todo o guaraná. Ganhei um gás extra.
Pouco mais à frente, Debs e Rodrigo nos aguardavam, já na República do Líbano. E foi quando nos encontramos também com o Joel.
Seguimos todos juntos, Debs e Guga filmando tudo.
David pegou meu celular e foi na frente para filmar nossa chegada e tirar fotos.
Como já sabia que não tinha que economizar nada de energia pois já era a reta final, acelerei o que deu e mantive um ritmo bacana na reta da chegada.
Ouço meu pai me chamar da lateral, bem perto do pórtico. Acenei para ele e Nina que ali estavam para me ver chegar.
Pouco mais na frente vejo minha mãe e o Mario na arquibancada, grito para chamá-los e aceno.
Cadê o pórtico que não chega?
Acelero mais um pouco para acabar logo.
Olho o relógio do pórtico e ele mostra exatamente meu tempo da Maratona de Buenos Aires: 4:51:18. Mas meu tempo líquido era 13 minutos melhor que isso: 4:37:57.
Mais uma vez quero agradecer a todos os envolvidos por tudo.
Vocês fizeram TODA a diferença!