Recebi o email da Corpore informando sobre a corrida de Ilhabela, revezamento.
Perguntei à Flávia (@flaviakcabral) se ela toparia fazer comigo a prova, totalizando 27,2km.
A resposta dela foi: "é meu sonho fazer essa prova!!!!"
E assim começou a "saga" de Ilhabela.
Definimos quem seria a corredora nº1 (eu - 12,1km) e quem seria a nº2 (Flávia - 15,1km).
Fizemos um treino intervalado para testar e conhecer como nosso corpo reagiria à cada parada entre os 3 trechos que cada uma faria.
Difícil tarefa essa de voltar à correr depois de 20/30/40 minutos parada e sentada no carro.
Treinei forte e não faltei a nenhum treino.
Comecei a fazer pilates e consegui 90% de presença nos treinos de força lá no Ibira (os feitos nos meus dias de treino, 2 vezes por semana).
Fiz musculação caseira.
Levei à sério cada treino e cada planilha (rumo à meia maratona).
Enfim chegou a hora!!!
Antes de sair de casa, deixei no espelho, para mim mesma, o mesmo recadinho que havia deixado na semana que antecedeu a São Silvestre: "Penélope vai morrer".
Chegamos à Ilhabela atrasadas para pegar o kit por conta do trânsito para sair de SP (quase 2 horas) e tivemos que pegá-lo na manhã do dia da corrida - sábado.
Acordamos cedo e fomos direto pegar o kit. Era uma manhã de sol.
Voltamos para o trailer (sim, estávamos hospedados no trailer do tio do Duh Cabral, marido da Flávia) e começamos a nos arrumar para a prova e a separar tudo o que poderíamos precisar durante todo o percurso: tênis extra, blusas, meia, gatorade, papel higiênico, água, máquina fotográfica, relógio, elástico de cabelo, boné, protetor solar, off, maridos, nº de peito, bandeirinha e adesivo de identificação do carro, "coleção" de gel de carboidrato, toalhinhas, afffff.
Comi 1 fatia de pão de forma integral com 1 fatia de queijo e 1 de peito de peru + 1 yakult. Tive medo da digestão, mas procurei não pensar nisso.
Saímos rumo à largada. Um mundo de insegurança, dúvidas e medos aparecia na minha frente.
Começou o mar de ansiedade. Não conhecíamos o percurso, não sabíamos dizer ao certo onde seriam as trocas, não sabíamos se teria subida, descida, mato, água, lama, terra... Tudo era novidade.
Um misto de felicidade e medo tomava conta de mim quando fui para a largada e minha equipe foi para o carro se preparar para me acompanhar por todo o percurso. Era eu x eu.
O responsável pelo megafone logo chamou nossa equipe: "twittersrun 104". Chique.
A largada foi pontualmente às 8:45, como a elite nas corridas: todos alinhados antes do tapete. Uma emoção só.
Tocou a corneta, dei os primeiros passos ainda no tapete, disparei o relógio e lá vamos nós.
Todos corriam num ritmo muito mais rápido que o meu e a ansiedade me fez segui-los por uns 500 metros numa velocidade muito maior do que a que eu poderia suportar, mas era difícil reluzi-la. Após 1k ajustei a minha velocidade para um patamar mais adequado e logo meu carro de apoio estava ali ao meu lado, gritando palavras de incentivo, colocando música alta para animar.
O primeiro trecho era para ser de 4,5km. Quando atingi 3,5k avisei para eles acelerarem em direção ao posto de troca para a Fla ter tempo de se alongar e fiquei "sozinha". O pessoal da 2ª bateria já estava me alcançando e me ultrapassando nessa hora. Me serviram uma água bem gelada, providencial.
Meu relógio marcava 4,5k e nada de eu conseguir ver o posto de troca à frente. Ué...
Quando cheguei ao posto a Flavia já me esperava ansiosa e meu relógio marcava 5,5k. Passamos os chips (cada uma tinha 2 chips, um no pé e outro que tínhamos que passar a cada posto de troca, quem chegada e quem partia, nessa ordem) e segui num trotinho procurando o carro e acompanhando a Fla em seus primeiros metros.
Entrei no carro, abri meu gel, tomei e bebi um pouco de água. Estava pronta para o próximo trecho, que chegaria logo mais.
Algumas palavras de incentivo para a Flavia, fotos e mais fotos, troquei a camiseta por uma sequinha e pronto, já era hora de descer e esperar no posto de troca. Ufa.
O segundo trecho foi bem punk. Cheio de subidas, daquelas que a gente não pode olhar para cima senão dá desânimo. Subi todas bravamente, sem perder o ritmo ou o ânimo. Mas confesso que cheguei ao posto de troca bem cansada e morta de sede, após 3,9km.
Hora da Flavia partir para o "solo" dela. Eram 6,2k na terra, ida e volta, com um morro "maldito" no caminho.
Pelas contas seriam 40 minutos, no mínimo de espera. Aproveitei para beber um gatorade e repor sais, líquido e energia para a próxima e última etapa. Fiz xixi. Descansei. Ouvi música. Toquei de camiseta mais uma vez. O gatorade mal tinha chegado ao estômago, já era hora de partir de novo. E aí foi o erro.
Muito provavelmente já estava "alguma coisa" desidratada e a bebida "caiu torta" no estômago, pesando muito. Larguei para o último trecho e logo comecei a sentir dores na região do diafragma. Não dei bola, diminuí um tequinho o ritmo e segui bravamente subindo todas as descidas do meu trecho anterior e descendo todas as subidas íngremes.
A última subida foi a pior e a que deixou mais lembranças, todas engraçadas.
Estava com dor e muito concentrada para seguir em frente. A subida foi se aproximando e tomando forma. Um rapaz todo de preto andava na minha frente. Foquei e continuei subindo. Ultrapassei o moço de preto.
Eles me acompanharam por mais alguns metros, a Flavia falou algo (provavelmente que já estava perto da chegada) e eles aceleraram.
Olhei para cima e vi uma placa, no fim da subida, lá no topo. Era uma placa com a cruz sinalizando hospital e com a marcação "10km", e pensei: "putz, está muito longe, não consigo correr mais 10 km!!!" rsss
Nem sei porque pensei nisso, acho que já estava delirando com o calor e a dor.
Ao começar a última descida, a dor no diafragma piorou muito pelo esforço da subida e diminuí o ritmo ao máximo, sem andar. O moço de preto me passou e avançou. Talvez tivesse feito uma estratégia melhor que a minha, mas eu não me deixei andar, sob hipótese alguma!
Cheguei, troquei de posto com a Fla e fui para o carro. Visivelmente cansada mas orgulhosa de mim mesma.
Bebi mais água que um camelo. Tinha completado 13,300km de retas, subidas, descidas, suor, calor, força e garra, em 1 hora e 32 minutos. Faltava o último trecho, a chegada, e Flavia o fazia com tranquilidade.
Disse algumas palavras de incentivo pela janela, contabilizando o fim dos kilômetros. Avançamos para esperá-la na chegada e eu poder correr com ela os últimos metros.
Enfim chegamos, 3 horas e 20 minutos depois, pelas minhas contas. Falta ainda o resultado oficial.
Pegamos a medalha, entregamos os chips e tiramos uma foto final, com a medalha merecida no peito.
Desafio cumprido.
Derrotei Ilhabela, venci a mim mesma e ainda contribuí para o #twittersrunday.
Parabéns, Renata!
ResponderExcluirQuando vc falou da dor na região do diafragma, lembrei da minha última corrida, em que sofri um pouco com isso tb. Parabéns pela prova, deve ser muito bom participar com uma amiga, fazendo revezamento e com o maridão dando apoio total! rs
Mais um desafio alcançado! Fico daqui lendo suas conquitas. Abraços e sucesso!
Parabéns Rê !
ResponderExcluirVcs foram corajosas !
Que venha a 1/2 Maratona !!!!
bjão
Claudinha
Parabéns!!!
ResponderExcluirNão fazia a mínima idéia de como era esta corrida.
Toda sua força, logística e dedicação foi incrível, SHOW!!!
@nunesvinicius
Rê, parabéns pelo desafio!
ResponderExcluirPelo que li foi um grande esforço e você e a Flávia estão de parabéns.
Desculpe a piadinha, mas quando se fala de corrida em Ilhabela, fico imaginando alguém correndo e os mosquitos atrás, tentando picar... arghhhhhh Mas pelo jeito vocês foram mais rápidas, e Ilhabela continha maravilhosa como sempre.
beijos!
adorei e pude imaginar todos os momentos de alegria que teve nessa corrida. PARABÉNS!!! me convida ano q vem? rs
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