domingo, 16 de outubro de 2011

Maratona de Buenos Aires 2011

A gestação acabou e meu filho nasceu.
Bem, não foi exatamente isso, mas poderia ter sido.
Foram 38 semanas de treinamento intensivo, focada, determinada, cansada.
Valeu a pena cada treino, cada segundo, cada km rodado. Faria (e acho que farei mesmo) tudo de novo!
No total foram pouco mais de 1.200km rodados - este ano - para chegar até a Maratona de Buenos Aires, que aconteceu exatamente assim....
"Fiquei muito mais nervosa na meia maratona do que na maratona. Não tem nem comparação. Não sei se era confiança demais, ou experiência, ou certeza de que eu podia.
Fui jantar no La Parolaccia do Puerto Madero, bem perto do meu hotel.
E sim, eu tomei uma taça de vinho. Só uma, que eu saboreei sem culpa alguma durante todo o meu jantar.
Antes das 22:30 já estava dormindo, para acordar às 4:45.
Dormi como uma pedra e acordei super tranquila. Me arrumei, desci e comi uma torrada com geléia e um copo de suco de laranja. Nada a ver com o que eu estou acostumada a comer, mas era o que eu tinha no hotel às 5:30 da manhã.
Quando saí do hotel, às 6 da manhã, chovia. Uma chuva fraca, que na Espanha eles chamam de "molha bobo".
Não posso dizer que me preocupei, mas fiquei um pouco tensa e um "monte" confiante de que pararia até a hora da largada.
Durante o caminho (é longe!) a chuva foi parando e o dia clareando.
Tudo parecia perfeito...
Logo que cheguei na praça da largada já encontrei o Andre e a Jussara Tuma.
Enquanto ia me preparando para a largada que aconteceria em breve, a indecisão tomou conta da minha pessoa.
Óculos?
iPhone para fotos?
Advil antes?
Gel antes?
Gel no 5k?
Por fim deixei os óculos e o iPhone, peguei o advil e o gel.
Alongamos com a assessoria deles, deixamos minha mochila no guarda-volumes e fomos, Andre e eu, para nosso curral de largada.
Pouco antes da largada decidi tomar o gel, pois a fome ameaçava bater.
Começamos a prova juntos e uns 400m após a largada a Jussara se juntou à nós. Fotografando e filmando tudo!
Corri com eles por uns 2 ou 3km mas achei melhor fazer o meu ritmo e a minha prova, então deixei eles acelerarem e diminuí um pouco.
No 5k peguei a água, tomei o advil e passei a comer as balinhas de carbo.
Alternei entre o Gu Chomps e o Sparkies, com medo de enjoar de algum deles.
No 7,5k tomei o gatorade mas logo me arrependi e não tomei mais em nenhum ponto.
Peguei água em todos os postos e procurei tomar o máximo de água possível.
Senti o joelho direito do 5k ao 10k, mas não sei em que ponto foi que ele parou de doer e me esqueci dele.
Passei a meia maratona alguns minutos mais lenta do que meus últimos tempos, mas não estava me importando com isso.
Deste ponto em diante você começa a reconhecer quem realmente treinou para uma maratona e quem está lá apenas tentando.
Teve um trecho de uns 7km que foi o mais difícil da maratona. Retão longo, vento contra... punk!
Mantive o tempo todo um ritmo bem uniforme apenas olhando o relógio para comer as balinhas no tempo certo e não deixar o corpo sentir falta de carbo em momento algum e não fadigar.
Fiz isso até bater 4h15, depois disso passei por um momento de revolta. Não queria segurar nada na mão, nem me preocupar com bala, relógio, tempo, nada. Só queria correr e terminar a prova bem.
Bem eu estava, só faltava terminar.
Por volta do 38k/39k, não sei ao certo, foi quando senti o "peso" da maratona no corpo. Doía tudo e não doía nada. Parecia que o corpo estava amortecido. Faltava muito pouco e a adrenalina tomava conta de mim.
Meu Garmin marcou todos os km um tanto antes e nesse ponto já dava uns 300/400m de diferença a cada km completado.
E, apesar de estar seguindo pelo relógio a km o tempo todo, não ver a placa do 41k gerou uma certa ansiedade.
Em praticamente todas as provas que faço, acelero um pouco no final. Mais para provar para mim mesma que "dava", que tinha mais um pouquinho de "gás". Mas esse não é o tipo de prova que se possa dar esse "pique" nos últimos metros, definitivamente, não tinha perna para isso.
Os últimos metros foram feitos pensando em todos os que me falaram que estariam "ao meu lado" na chegada. 
Tanta gente que eu gostaria que estivesse alí comigo para um abraço, para comemorar, para eles dizerem, mais uma vez, o quanto acreditaram em mim e sabiam que eu conseguiria. 
Eu não sei se sabia, mas acreditei em mim mesma e encarei de frente.
Passei o pórtico com 4h51m, entreguei o chip e eles colocaram a medalha no meu pescoço (o que eu achei o máximo).
O pessoal da organização olhava no meu olho e dava os parabéns.
Eu senti, cada um desses "parabéns". Significaram muito para mim.
Difícil acreditar que era real, que eu tinha realmente corrido os 42,195km de uma maratona. Ou, de acordo com o meu relógio, 42,530km.
Não sou capaz de descrever exatamente o que senti, só sei que é uma sensação maravilhosa, indescritível, de dever cumprido. De ser capaz. De poder. 
E a melhor parte, inteira, sem dores, sorrindo."
Resultado final: uma unha roxa que deve cair em breve e uma vontade, a de fazer tudo de novo! :)

9 comentários:

  1. Grande Renata! PARABÉNS!

    Lendo seu relato eu fui lembrando de todos os kms que sofri na Maratona de SP, a minha primeira Maratona que eu fiz esse ano mesmo... Ela me quebrou - estou de molho até hoje, me recuperando de uma trombose na perna esquerda - mas definitivamente foi a minha maior conquista pessoal que eu tive ao longo dos meus 25 anos... rsrs

    Por conta disso eu tenho certeza absoluta que entendo como vc se sente. Entendo o que significa "dore tudo e não doer nada" e, principalmente, o que é sentir cada "parabéns" ao final da prova...

    Parabéns, guerreira! Espero um dia correr uma maratona com vc!

    Bjão!

    ps: e comemorar mais uma vitória com um deliciosa brigadeiro de colher! Huuuuuuuuummmm... hahahaha

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  2. Parabéns, Renata!!! Emocionante este relato de uma pessoa determinada e forte! Beijo!

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  3. Ai sim Rê!!!!

    Parabéns, muitos muitos muito parabéns!!

    Beijão!!

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  4. Nossa Rê que post lindo e apaixonado =) parabéns querida,imagino esses lindos olhos azuis celebrando os 42k.

    Parabéns você e determinada e guerreira.

    Beijos
    Fabi =)

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  5. Outro comentário de minha parte: muito bom ter a amizade de gente determinada a superar seus prṕrios limites!

    Mas uma vez, parabéns!!!

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  6. Parabéns! Não tem segredo, é só ter vontade de se preparar que a mágica acontece. Qual é a proxima? :)

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  7. Rê, parabéns pela conquista!
    Com certeza o vinho foi o ingrediente final para você correr essa Maratona do jeito que queria.
    Na verdade, não quero lhe dar os parabéns pela conquista do título de Maratonista, mas de Ultramaratonista, afinal, seu Garmin não deixa dúvidas!!!
    beijos,
    Joel

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  8. A 33 dias da minha estreia (se tudo der certo), me sinto com os nervos a flor da pele. O seu relato me tranquiliza um pouco. Sei que não é fácil, mas quem tem disciplina e foco tira de letra. Que estréia linda Re! Tão segura, serena, feliz. Parabéns!! Pode chorar?? rs
    Bjos,
    Van

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  9. Que linda você, Rê! Parabéns!!!
    Super beijo
    Yara

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