sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Vício pela Corrida

Esquecer os problemas, aliviar o estresse e experimentar sensação de prazer e relaxamento. Esses são alguns dos motivos que levam um usuário a não conseguir se livrar do vício de tabaco, bebida e outras variedades de drogas. Não seria perfeito aproveitar os mesmos efeitos sem prejudicar a saúde? Isso é possível com a prática de corrida de forma regular e em intensidade moderada. “Logo após o exercício, pode haver redução na atividade cortical do cérebro, que está associada ao estado de relaxamento e à diminuição da tensão emocional”, explicou Helena Sales de Moraes, bacharel em Educação Física e Mestre em Saúde Mental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Uma vez que o corpo se acostuma a receber o estímulo que provoca boas sensações, fica estabelecida uma espécie de dependência, ou seja, o organismo sente falta dos hormônios liberados pelo exercício, como a endorfina. “A prática de atividades promove a liberação dessa substância, que é uma espécie de 'droga natural'. Por ser produzida pelo próprio organismo, a endorfina é benéfica e funciona como um anestésico natural, que diminui a dor após uma determinada carga de exercícios”, afirmou Maurício Pires de Albuquerque, que é psicólogo clínico e esportivo e professor de Psicologia Esportiva do IEFD/UERJ. “Além disso, elimina toxinas do corpo, alivia a ansiedade e o estresse”, completou. “Entre as alterações cerebrais associadas à pratica de corrida estão ainda a redução nos sintomas de ansiedade e depressão. Além da possibilidade de prevenir os males de Alzheimer e Parkinson”, afirmou Helena Sales de Moraes.
A corrida libera ainda a dopamina, também conhecida como neurotransmissor do prazer. “A substância é liberada e chega ao sistema de recompensa do cérebro, que dá a sensação de bem-estar”, falou Helena. Porém, a liberação excessiva promove a perda da sensibilidade no sistema de recompensa e isso faz com que o corpo necessite de cada vez mais dopamina para a obtenção de prazer, e é por isso que a corrida se assemelha a outras formas de vício.
Efeitos psicológicos
Existem ainda os benefícios psicológicos da prática que contribuem para que os corredores não consigam ficar longe das pistas, como a possibilidade de aquecer as relações pessoais. “Além de um esporte, a corrida significa para mim uma forma de me sociabilizar, de encontrar colegas e até fazer amigos”, falou Marcelo Carvalho da Silva, 34, publicitário, que corre há quatro anos e treina cinco vezes por semana. “Sinto falta da corrida. Quando não corro, meu corpo fica menos disposto. O esporte é como uma válvula de escape para quem tem uma rotina muito atribulada e estressante”, completou.
O psicólogo Maurício Albuquerque explica que essa sensação é comum, pois, enquanto está realizando a atividade, o cérebro precisa se concentrar apenas nos movimentos do corpo, e os problemas ficam de lado pelo menos naquele período. “O cérebro só presta atenção em uma coisa de cada vez. Por isso, quando o indivíduo pratica a corrida, fica atento apenas em si próprio e é como se ele relaxasse os pensamentos”, falou. Isso acontece porque, assim como as outras partes do corpo, o cérebro também necessita de descanso. “O músculo precisa de exercício e também de repouso, assim como o cérebro”, explicou.
De acordo com o profissional, essa lógica se aplica quando alguém se sente agitado e não consegue realizar uma tarefa no trabalho, por exemplo.
Levantar da cadeira, caminhar um pouco pelos corredores e voltar ao serviço pode fazer a diferença. “Quando você descansa os pensamentos, eles voltam de maneira mais clara”.
Fonte: Revista O2

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